RICOS ASSALARIADOS
Sempre que leio ou vejo referência aos assalariados do mundo percebo que os textos discorrem como se falassem de uma classe alheia à nossa, de pessoas massacradas apenas financeiramente. Ao lermos determinadas referências logo pensamos nas pessoas que recebem minimamente pelo seu trabalho e que trabalham horas e horas por dia.
Buscando dar uma repaginada nesta visão é que dou início a esta série de postagens para dialogar com você sobre os assalariados que não aparecem nos livros didáticos, os mascarados pelo glamour da profissão, pelas altas cifras financeiras, os ricos assalariados.
Para este fim buscarei desenvolver os posts dividindo-os por profissões, ou seja, a série sempre se iniciará pelo título «ricos assalariados» acompanhado do subtítulo da profissão. Mas tarde veremos como ficam, ok?
JOGADORES DE FUTEBOL
Não sei se já comentei com vocês, mas meu marido é fã de futebol «realmente a distração ideológica faz efeito». Indo com ele para uma reunião dialogávamos sobre o jogo que teve entre Bahia e Corinthians.
Em certo momento ele comentou que o Bahia estava desfalcado por conta que tem em seu time jogadores que lhe foram emprestado pelo próprio Corinthians. Demonstrei interesse no assunto e ele amavelmente foi me explicando que o Corinthians tem muitos jogadores e aqueles que, no momento, não estão "prestando bons serviços" ao clube são emprestados a outros que demonstrarem interesse.
Ficamos cogitando sobre quem paga o salário destes jogadores: se o clube de origem ou o clube de destino. Chegamos a ideia de que devem dividir as responsabilidades. Terminamos a conversa e fiquei a pensar na seguinte questão:
Um jogador tem passe. Este passe é agenciado por um empresário. Ao negociar o passe desse jogador com um clube este se torna dono do passe do jogador. A partir de então passa a decidir pelo jogador.
O clube é o dono do CT de Treinamento, é quem paga e contrata os médicos e preparadores físicos. Todos os profissionais que passarão a atuar com o jogador são comandados pelo clube e este passa a decidir pelo corpo do jogador. Corpo dócil aos interesses do clube e promessas de melhora de condicionamento físico, resistência muscular e aprimoramento técnico.
Dessa forma o jogador também deixa de ser dono dos meios de produção de seu trabalho, como qualquer outro proletário. A depender de seu desempenho ele permanece no clube, ou "vendido" ou emprestado [alugado]. O corpo deixou de ser corpo e passou a ser coisa negociável, como bem poetizou Carlos Drummond de Andrade.
Em todos os três casos de negociação quem, em primeira instância, lucra é o clube. Em troca o jogador recebe um salário. Independente das cifras negociadas o valor não perde a configuração de salário. Sejam RS 545,00 ou RS 100.000,00 é salário.
Este salário ele recebe enquanto produzir para o clube, enquanto produzir lucratividade. Se for do interesse do clube [da empresa, da fábrica do futebol] ele vende [muitas vezes para outros países] ou "aluga" [para outros clubes]. Ao jogador cabe desempenhar seu papel, trabalhar. Não importa se será em outro estado, outra nacionalidade, outra cultura. Apenas trabalho: assalarado, um rico assalariado.
JOGADORES DE FUTEBOL
Não sei se já comentei com vocês, mas meu marido é fã de futebol «realmente a distração ideológica faz efeito». Indo com ele para uma reunião dialogávamos sobre o jogo que teve entre Bahia e Corinthians.
Ficamos cogitando sobre quem paga o salário destes jogadores: se o clube de origem ou o clube de destino. Chegamos a ideia de que devem dividir as responsabilidades. Terminamos a conversa e fiquei a pensar na seguinte questão:
Um jogador tem passe. Este passe é agenciado por um empresário. Ao negociar o passe desse jogador com um clube este se torna dono do passe do jogador. A partir de então passa a decidir pelo jogador.
O clube é o dono do CT de Treinamento, é quem paga e contrata os médicos e preparadores físicos. Todos os profissionais que passarão a atuar com o jogador são comandados pelo clube e este passa a decidir pelo corpo do jogador. Corpo dócil aos interesses do clube e promessas de melhora de condicionamento físico, resistência muscular e aprimoramento técnico.
Dessa forma o jogador também deixa de ser dono dos meios de produção de seu trabalho, como qualquer outro proletário. A depender de seu desempenho ele permanece no clube, ou "vendido" ou emprestado [alugado]. O corpo deixou de ser corpo e passou a ser coisa negociável, como bem poetizou Carlos Drummond de Andrade.
Em todos os três casos de negociação quem, em primeira instância, lucra é o clube. Em troca o jogador recebe um salário. Independente das cifras negociadas o valor não perde a configuração de salário. Sejam RS 545,00 ou RS 100.000,00 é salário.
Este salário ele recebe enquanto produzir para o clube, enquanto produzir lucratividade. Se for do interesse do clube [da empresa, da fábrica do futebol] ele vende [muitas vezes para outros países] ou "aluga" [para outros clubes]. Ao jogador cabe desempenhar seu papel, trabalhar. Não importa se será em outro estado, outra nacionalidade, outra cultura. Apenas trabalho: assalarado, um rico assalariado.
FEIRA DA RESISTÊNCIA- PARTE II
A decisão dos professores de irem para as ruas mostrarem sua indignação diante das ações governamentais para com a situação da educação no estado é sempre justa. E, buscando ser também justa, só que diretamente comigo e minha formação, confesso que não gostei da ação da feira livre na Praça da Piedade.
Antes de tudo somos professores, lutamos pela melhoria das condições de trabalho na educação e vamos as ruas vender bananas? Nada contra a atividade de venda de frutas, verduras e legumes, o que defendo aqui é que os professores deveriam estar nas ruas fazendo o que sabem, o que passaram longos anos da vida aprendendo e fazendo: ensinando.
Sou a favor de a classe ir para as ruas engajada naquilo que é e sempre será seu objeto: a educação. A greve, a paralização das aulas é um ato político. Fechar as escolas é uma forma de pressionar o governo a retornar a mesa de negociação. Mas, isso não significa que nosso objeto de trabalho deva ser esquecido, ao contrário, está é uma ótima oportunidade para que ele seja fomentado naquilo que tem de melhor: a conscientização da população, o engajamento com os fatos que estão momentaneamente acontecendo.
Imagine um grupo de professores na mesma Praça da Piedade fazendo o que jamais o estado vai querer deles: trabalhando o que verdadeiramente os estudantes precisem saber, ou seja, mergulhar historicamente nas causas das mazelas da nossa classe e das demais que sofrem com os arrouchos salariais, as condições insalubres de trabalho e tudo isso para que, para ampliar o capital, sempre o capital...
Na luta contra os que desejam manternos aprisionados nada como fazer aquilo que sabemos melhor...
FEIRA DA RESISTÊNCIA- PARTE I
Na última quinta-feira, 03 de maio, os professores da rede estadual de ensino básico da Bahia decidiram responder ao corte de salários que sofreram organizando uma feira livre de venda de frutas, verduras e legumes na Praça da Piedade, em Salvador. Uma coisa é certa, não podemos negar a irreverência e criatividade com que encararam o movimento, ao qual chamaram de Feira da Resistência.
Entre anúncios de preços dos alimentos, os professores aproveitaram para alfinetar as decisões tomadas por nosso governador ao buscar por fim ao ato grevista. Como já era de se esperar, nosso tribunal de justiça declarou a greve “ilegal” (claro que, a falta de olhos da justiça, a greve é ilegal, uma vez que fere o direito do estado e do patronato por trás dele de pagarem o que “podem” aos professores).
Legalmente a greve não tendo razão de ser, o atual piloto da aeronave estado baiano pôde fazer o que já se esperava dele: cortar salários e benefícios na tentativa de, pelo bolso, minar o movimento. Quais os próximos passos, além daqueles velhos que já conhecemos e que ainda surtem tamanhos resultados aos interesses capitalistas? Aguardemos para ver e olhar...
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Nosso papel de educadores?
Agora à noite, enquanto esperava pelo ônibus que me "levaria" para casa, estava ouvindo a música de Raul Seixas, "Eu nasci há dez mil anos atrás" e fiquei a pensar no quão geniosa é esta música e no quanto que pode ajudar, à nós professores, cumprir, talvez nosso maior papel para com os alunos.
À princípio pode parecer uma maluquice o que ele canta:
"Eu nasci!
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais..."(2x)
Pode parecer loucura imaginar um homem que, nasceu há dez mil anos atrás, vive no presente e sabe tudo sobre o mundo, mas, para nós educadores, este verso da música é completamente plausível e eficiente. Isso para quem "viajar" em minha interpretação da dela, é claro...
Quando escutei este verso minha memória remeteu-se à história da humanidade. Dizer que nasceu há dez mil anos atrás não é eufemismo, é realidade, se você ler pela ótica do nascimento do ser humano e não de apenas um homem.
A teoria evolucionista tenta explicar a origem do ser humano e a remonta a mais ou menos oito mil anos a.C. Se fizermos os cálculos básicos perceberemos que, estando a humanidade no ano 2011 d.C. completa-se mais ou menos dez mil anos. Dez mil anos que existimos e...
"...não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais..."
Mas o que esta constatação trás de implicação para nossa tarefa, enquanto educadores? Simples, é nosso dever trazer, dialogar, discutir, promover acesso aos alunos da histíria produzida pela humanidade. Talvez seja isso que Rauzito "queria" nos dizer quando canta versos como este:
"Eu vi as velas
Se acenderem para o Papa
Vi Babilônia
Ser riscada no mapa..."
"Eu vi Zumbi fugir
Com os negros prá floresta
Pr'o Quilombo dos Palmares
Eu vi!..."
"Eu vi o sangue
Que corria da montanha
Quando Hitler
Chamou toda Alemanha..."
Sim, eu nasci há dez mil anos atrás...