Você chega no ponto de ônibus e descobre que a linha do transporte não passa mais por ali ou o perde por não ter conseguido ler o letreiro com o nome da linha. As mudanças ocorridas na cidade de Salvador, principalmente no que diz respeito ao sistema de transportes públicos, tem-nos causado inúmeros transtornos. Trago aqui o relato de uma experiência com o produto dessas mudanças...
Não votei no candidato ACM Neto para prefeito de nossa
cidade de Salvador. Contudo, reconheço que ele está fazendo um bom trabalho à
frente da Prefeitura. Somente quem viveu aqui durante os mandatos dos prefeitos
anteriores sabem de que estou falando. Somente
presenciando e fazendo parte das intervenções que estão sendo feitas na cidade
é que percebemos a dimensão do abandono ao qual Salvador estava relegada. Mas hoje
estou aqui para oferecer um contraponto.
Vim
para casa me fazendo uma pergunta: será que a cidade na qual vivo gosta de mim?
Esta pergunta está relacionada com os fatos que me
aconteceram nesse fim de tarde e que passo a relatar:
Estava no bairro de Ondina quando decidi ir assistir à
exposição de dinossauros que está acontecendo no Shopping Bela Vista (no bairro
do Cabula).
Buscando mentalmente uma rota de ônibus pensei: “pego um ônibus até
o ponto em frente ao Shopping da Bahia, atravesso a passarela para a Estação
Iguatemi e lá pego outro ônibus com destino ao referido Shopping”. Esta parecia
a rota mais rápida e eficiente naquele momento, contudo, a experiência mostrou
o contrário, pois o sistema viário de Salvador sofreu mudanças drásticas
nos últimos meses: linhas de ônibus modificadas, troca de concessionárias de
transportes, mudanças de rotas, alterações de direções nas pistas, enfim, intervenções
que em pouco tempo afetaram o nosso senso de normalidade.
Chegando à Estação Iguatemi fui percebendo que as linhas de
ônibus que por lá passavam eram diferentes das que eu conhecia. Procurei em meu
perímetro visual por informações e o que encontrei: nada!
Ao questionar um vendedor ambulante sobre o assunto ele me
aconselhou a procurar o “guardinha de colete verde”. Lá fiquei olhando para
diferentes direções em busca de tal pessoa para me ajudar. Não encontrando,
decidi interpelar um transeunte. Este me orientou a ir para a rodoviária da
cidade, pois o ônibus de que eu precisava passava por lá agora.
Dirijo-me à rodoviária e encontro diferentes pistas por onde
passam linhas de ônibus seletas. Foi quando vi a figura do guarda de colete
verde que tanto procurei mais cedo. Este diz-me para atravessar duas pistas e
aguardar o ônibus no lugar ao qual apontou. Pergunto-lhe por placas de
informações indicando as mudanças e ele ri enquanto se despede com um aceno.
No local, indicado pelo guarda de colete verde,
fico aguardando um ônibus que não conheço a cor, o nome da empresa, mas sei o
nome da linha. Eis que o ônibus que preciso passa, mas o perco porque eles
agora têm um letreiro luminoso que durante alguns segundos passa todo tipo de
frase até chegar ao que nos verdadeiramente interessa: o nome da linha do
ônibus que preciso!
Enquanto o ônibus vinha li diferentes tipos de frases:
“Respeite o idoso”;
“Shopping Iguatemi”;
“Boa tarde”;
Mas a frase que eu mais necessitava, “Tancredo Neves”, só me
foi visível quando o ônibus já estava perto e, é claro, o motorista fez de
conta que não viu a solicitação de parada.
Fico me perguntando que cidade é esta em que vivo que ao
invés de andarmos para frente, nos igualamos a caranguejos.
Se intervenções são
necessárias, as mudanças deveriam estar sinalizadas em todo o perímetro. De que
nos serve um letreiro luminoso num ônibus que não cumpre sua função primeira: me informar
o nome da linha?
Antes, os ônibus tinham um letreiro assim, permanente e em letras visíveis:
Hoje temos um letreiro que é digital, luminoso, que em dias de sol "forte" torna-se difícil a leitura, que digitam tantas frases que torna-se difícil ler a frase principal.
Continuando a me perguntar se Salvador gosta dos seus foi que peguei um táxi para meu destino...
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