Prometi a mim mesma não me envolver com a atual greve dos professores do estado da Bahia. Todos e cada um deles merecem e precisam de apoio, contudo, já foi o tempo em que eu acreditava que uma greve isolada movimentaria o sistema...
Promessa feita estava eu tranquila até esta sexta-feira quando em conversa com uma vizinha a outra me diz:
"Mas que falseta esta dos professores, heim? Ganham um absurdo e se recusam a voltar ao trabalho. Que cidade meu Deus!"
A frase dita por ela chegou a mim como um comichão na garganta. A primeira coisa que passou por minha cabeça foi: o que está levando minha vizinha a emitir esta opinião sobre nossos professores?
Daquele jeito que conhecemos de como fazer pergunta sem demonstrar interesse eu disse:
"Por que você acha isso?"
Foi então que pior do que a primeira frase a segunda chegou a meus ouvidos:
"Os professores ganham mais de três mil reais e ainda fazem greve, onde já se viu isso?"
Pressentindo meu estado de espírito meu marido interveio:
"De onde a senhora tirou isso vizinha?"
Com ar de conhecedora de causa minha vizinha soltou o verbo, não exatamente nestas palavras, mas é assim que lembro para aqui reproduzir:
"Deu na televisão ontem. Disseram que os professores receberam um aumento de mais de 100% e ainda fazem greve, para quê?"
Foi ai que entendi tudo: a bendita propaganda enganosa governamental cozinhando o cérebro da população para que esta se volte contra a classe trabalhadora em luta. Foi então que percebi que a opinião de minha vizinha não era propriamente uma opinião dela, mas fruto das torpes informações divulgadas como verdadeiras, informações que buscam ludibriar a mente de todos.
Em sua posição de conhecedora, minha vizinha nada mais estava fazendo do que reproduzir a verdade que lhe foi posta na mente para que saísse pela boca nas conversas informais e se propagasse como raio em dia de chuva com o objetivo de minar toda e qualquer resistência dos professores.
Calmamente fui desmistificando os "fatos" e "verdades" conhecidos por ela e mostrando-lhe outra forma de ver a questão, mais uma coisa para mim, naquele momento era certa: quantas e quantos baianos ouviram a mesma notícia e a tomaram imediatamente como verdade? Em quantos lares a mesma indignação não foi propagada e o ressentimento pelos "insensíveis" dos professores não foi alimentado?
Como lutar contra o poderio comunicativo dos interessados em minar a greve senão pela via da revogação da promessa feita a mim mesma? De que me adianta conhecer as artimanhas de guerra do Estado contra a insurgência grevista dos trabalhadores se não consigo ao menos tentar mostrar, aos meus, outra forma de analisar a luta dos professores em greve?
Assim é que vos digo: não dá para pensar em calar quando o que mais meus colegas precisam é de voz que lute com eles. Assim, está aberta a sessão “De olho na greve dos professores do estado da Bahia”!
Oi Izabel!! Realmente temos ajudar os docentes, já que a massa se mostra "manipulada", pela midia.Soube de alguns professores que o senhor governador mandou gramperar os celulares dos lideres da APLB, usando da mesma estratégia da greve dos policiais, DESMORALIZAR OS GREVISTAS e seus intentos.
ResponderExcluirOi Anjo, que bom reencontrá-lo!!!
ResponderExcluirTemos que reconhecer que a estratégia do governo do grampear telefones, apesar de imoral e teatralmente manipulada, surtiu o efeito por ele desejado em relação à greve dos policiais, não é mesmo? Tomara que a experiência vivenciada traga algum benefício à nossa causa. Por enquanto o que podemos e devemos é ficar de olho mais aberto e buscar ações que eles não esperem da classe "dos trabalhadores em educação". Beijão